Share Rev. Antônio Souza Lima – Pastor de Almas, Homem de Família, Servo de Deus
Não é fácil resumir em poucas páginas a história de toda uma vida, especialmente uma vida tão longa, frutífera e abençoada como a deste servo de Deus. Antônio Souza Lima nasceu no dia 4 de dezembro de 1910 em São Sebastião do Alto, uma pequena cidade nas montanhas do leste do Estado do Rio de Janeiro. Somente foi registrado um mês mais tarde, em 4 de janeiro de 1911. Era filho do funcionário público Manoel Vieira de Souza Lima e de D. Flauzina da Rosa Lima. A mãe morreu poucos dias após o nascimento do menino e o pai o entregou aos cuidados de um pastor metodista. Foi batizado na localidade de Laranjais, na mesma região, pelo Rev. Antônio Joaquim Rodrigues.
Antônio sentiu o chamado para o ministério quando tinha apenas cinco anos de idade. Foi recebido por profissão de fé na Igreja Metodista de Juiz de Fora (MG), no dia 4 de março de 1928, pelo Rev. José de Azevedo Guerra. Cursou o primário no Grupo Escolar de Mariano Procópio, na mesma cidade. A seguir, fez o curso de adaptação (5º ano primário) no Instituto Comercial Mineiro, de Machado Sobrinho. Passou então a estudar no Instituto Granbery de Juiz de Fora, conhecida instituição metodista, onde fez o curso ginasial até o 6º ano e o curso de bacharel em Ciências e Letras, formando-se em 1934. Em seguida, fez o curso teológico na Faculdade de Teologia do Granbery, bem como o curso de bacharel em Educação Religiosa, concluído em 1938.
Em 23 de janeiro de 1930, sendo pastor da paróquia central o futuro bispo César Dacorso Filho e superintendente distrital o Rev. Wesley M. Carr, o jovem Antônio havia sido aceito como aspirante ao ministério. Foi licenciado ou “provisionado” pelo Concílio Regional do Norte em 18 de agosto de 1933, aos 22 anos, enquanto dava prosseguimento aos estudos. Em 1934, foi designado pastor auxiliar da Paróquia de Juiz de Fora, sendo responsável pela igreja o Rev. Isaías Sucasas. Nos anos seguintes, foi nomeado pastor ajudante das Paróquias de Bicas (1935), Matias Barbosa (1936), bem como Guaraí, Rio Novo e Goianá (1937-1938), todas no Distrito de Juiz de Fora.
Em 1936, Antônio lecionou por algum tempo no Instituto Central do Povo, uma famosa instituição social metodista localizada na região portuária do Rio de Janeiro. No dia 7 de julho desse ano, o jovem licenciado casou-se com Léa Fernandes Corrêa e Silva, a quem havia conhecido em Bicas (MG). Léa nasceu em 26 de janeiro de 1918 em Porto Novo do Cunha (MG) e era filha de Benigno Corrêa e Silva e Maria da Glória Fernandes Corrêa. O casamento realizou-se na Igreja Metodista São João, no bairro da Saúde, Rio de Janeiro, e os recém-casados residiram por alguns meses na cidade de Caxias.
A ordenação de Antônio ao diaconato ocorreu no dia 29 de janeiro de 1939. Foi nomeado pastor da Igreja Metodista de Resplendor (MG), no Distrito de Vitória. Dois anos depois, em 3 de fevereiro de 1941, foi ordenado presbítero e nomeado pastor das Paróquias de Realengo, Bangu, Campo Grande e Inhoaíba, no Rio de Janeiro. Nos anos seguintes, pastoreou as Igrejas de Conselheiro Lafaiete e Ouro Preto, em Minas Gerais (1942-1943), bem como as Igrejas de Cachoeiro de Itapemirim e Castelo, no Espírito Santo (1944-1945).
No ano de 1946, o Rev. Antônio Souza Lima começou a trabalhar com os presbiterianos. Tornou-se professor no Colégio Evangélico de Alto Jequitibá, onde lecionou história da filosofia, português e história do Brasil no Curso Colegial. Também foi pastor auxiliar da igreja presbiteriana local, a maior do presbitério. Em 1947, pastoreou a Igreja de Alegre e foi diretor do jornal “A Sapucaia”, em Sapucaia (RJ).
Finalmente, no dia 8 de janeiro de 1948 foi arrolado como membro efetivo do Presbitério do Itapemirim, do Sínodo Minas-Espírito Santo, por carta de transferência da Igreja Metodista do Brasil. Na ocasião, foi eleito 1º secretário e designado pastor das Igrejas de Alegre e Vala do Souza (atual Jerônimo Monteiro). No início de 1950, foi eleito para a diretoria do Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas, um cargo que iria exercer por muitos anos. Em 1956, passou a integrar o novo Presbitério de Alegre, do qual foi o primeiro presidente. Nesse período também pastoreou as Igrejas de Guaçuí, Celina, Vinagre, Rive, Castelo, Muniz Freire, Piaçu, Itaici, Mimoso do Sul e Muqui, todas no Espírito Santo.
Em 16 de janeiro de 1960, o Rev. Souza Lima foi transferido para a Igreja Metodista Livre do Brasil. O Presbitério de Alegre fez a seguinte anotação em sua carteira de ministro: “Durante esses 14 anos entre nós, deu provas sobejas de vocação ministerial, constituindo-se como um paradigma de fé e de consagração para os seus colegas de ministério”. Em 1960-1961 foi pastor da Paróquia de Mirandópolis (Igreja Brasileira Central de São Paulo) e lecionou na Faculdade de Teologia da Igreja Metodista Livre. As disciplinas ministradas foram português, filosofia da educação, psicologia pastoral e história de Israel.
Em 12 de janeiro de 1962, foi reintegrado à Igreja Presbiteriana do Brasil, sendo arrolado pelo Presbitério Oeste Fluminense. De 1962 a 1967, foi pastor da 1ª Igreja Presbiteriana de Volta Redonda e da Igreja Presbiteriana de Piraí. Referindo-se ao período passado em Volta Redonda, D. Léa escreveu anos depois que foi uma época de “muita tribulação”. O Rev. Souza Lima voltou a fazer parte da diretoria e da assembléia do Seminário de Campinas e teve atuação destacada junto ao Sínodo Fluminense. Nessa época, colaborou na direção da Sociedade Auxiliadora de Valores Intelectuais (SAVI), em Jacareí (SP), depois denominada Sociedade Educacional Guaracy Silveira. Foi também auxiliar de direção das Faculdades Metropolitanas de São Paulo, bem como diretor educacional e professor do Colégio e Escola Normal Prof. Alfredo Filgueiras, em Nilópolis (RJ), onde lecionou filosofia da educação e português (1965-1969).
No dia 17 de fevereiro de 1968, ele foi arrolado pelo Presbitério de Nova Iguaçu e assumiu no mês seguinte o pastorado efetivo da Igreja Presbiteriana de Nilópolis, na qual exerceu o restante do seu abençoado ministério. Em 1978, tornou-se o primeiro presidente do Presbitério de Nilópolis e, em 1980, o primeiro presidente do Sínodo Oeste Fluminense. Após 47 anos de ministério, foi jubilado no dia 10 de fevereiro de 1981, em uma reunião ordinária da Comissão Executiva do Supremo Concílio realizada em Brasília. Poucas semanas antes, o Presbitério de Nilópolis havia feito a seguinte anotação em sua carteira ministerial: “O PNIL é grato a Deus pelo seu ministério tão ativo e tão frutífero, exercido desde 18/08/1933, primeiro na Igreja Metodista do Brasil e depois na IPB, onde, além de ser um eficiente pastor, exerceu todos os cargos da hierarquia da Igreja, exceto um”. Após a jubilação, recebeu o honroso título de Pastor Emérito da Igreja Presbiteriana de Nilópolis.
O Rev. Souza Lima ocupou diversos cargos na estrutura da Igreja Presbiteriana do Brasil. Além de ter sido membro da diretoria do Seminário de Campinas, presidiu os seguintes concílios: Presbitério de Itapemirim (1952-1954), Presbitério de Alegre (1956, 1958), Presbitério de Nova Iguaçu (1970, 1972-1974, 1976), Presbitério de Nilópolis (1978-1980), Sínodo Fluminense (1973, 1975) e Sínodo Oeste Fluminense (1980). Participou da Reunião Extraordinária do Supremo Concílio em comemoração ao 1° centenário da obra presbiteriana no Brasil, em 1959, no Rio de Janeiro. Compareceu como delegado a muitas outras reuniões do Supremo Concílio (Lavras, 1958; Fortaleza, 1966; Belo Horizonte, 1969; Garanhuns, 1970; Belo Horizonte, 1974; Recife, 1978). Também participou de muitas reuniões da Comissão Executiva do Supremo Concílio.
Fez parte das comissões organizadoras das Igrejas Presbiterianas de Rive (1957), Santa Izabel do Rio Preto, Piraí (1962) e Juscelino (1974), assim como do Sínodo Espírito Santo-Rio de Janeiro (1975). Foi presidente da Comissão Presbiteriana de Evangelização, de atuação nacional (1974-1978), e dirigiu a Associação Missionária Evangelística. Foi tutor eclesiástico de vários candidatos ao ministério, entre eles Murilo Crispim da Silva e Osni Ferreira. Além de pastor e professor, o Rev. Antônio Souza Lima foi apreciado orador e escritor. Escreveu uma série denominada “Estudos Populares”. Deixou vários opúsculos, tais como “A pessoa e a obra do Espírito Santo” (1975), “O incalculável valor do jejum” (1979) e também o livro Jesus Breve Virá – Urgência da Última Hora (1983). Entre as suas áreas de especial interesse estavam o evangelismo, a santificação e a escatologia.
O casal Souza Lima teve muitos filhos: Lael Souza Lima Vásquez (Bicas, 1937), James Corrêa Lima (Bicas, 1938), Dorcas Corrêa Lima (Conselheiro Lafaiete, 1942), Paulo Corrêa Lima (Castelo, 1944), Maria da Glória Souza Lima Nunes (Cachoeiro de Itapemirim, 1946), Isaías Corrêa Lima (Celina, 1948), Antônio Elias Corrêa Lima (Alegre, 1949) e Grace Corrêa Lima (Jerônimo Monteiro, 1956). A filha Leoni, nascida em 1939, faleceu no ano seguinte. Antônio Elias (Toninho) faleceu em 1969 e James em 1988. O casal também criou duas filhas adotivas: Lóide e Emília. Além dos seis filhos vivos, deixaram 18 netos e 13 bisnetos. Isaías seguiu as pegadas do pai e também é pastor.
Após a jubilação, o Rev. Souza Lima e D. Léa residiram por três anos em Jacareí e depois durante catorze anos novamente em Nilópolis (1985-1999), gozando do carinho da igreja. Em 1989, D. Léa calculou que desde o início do casamento haviam residido em 46 casas. Em 1992, aos 81 anos, ele esteve em Massachusetts, nos Estados Unidos, pregando em várias igrejas brasileiras. Em 1999 o casal transferiu residência para São José dos Campos, onde residem vários dos filhos. Passaram a contar com a carinhosa assistência pastoral do Rev. Paulo Gerson Uliano, da Igreja Presbiteriana do Jardim Augusta. D. Léa faleceu no dia 18 de março de 2004 e o Rev. Souza Lima passou a residir com a filha Dorcas.
Sua saúde foi declinando sensivelmente nos anos seguintes, vindo a falecer em 27 de setembro de 2005, apenas cinco dias após a chegada da filha caçula Grace, residente na Costa Rica. O culto de despedida realizou-se no dia seguinte na Igreja do Jardim Augusta, com a presença de mais de 20 pastores e muitos irmãos na fé, inclusive um grupo da Igreja Presbiteriana de Nilópolis. Dirigiu a liturgia o Rev. Carlos César Mendes Ribeiro, pastor da igreja. O Rev. Cláudio Aragão da Guia, da Igreja de Nilópolis, cantou um hino e falou sobre o ministério do obreiro falecido. O Rev. Isaías Corrêa Lima, filho do falecido, deu um comovente testemunho sobre a vida e o ministério do genitor. Entre os participantes do culto também estiveram os Revs. Paulo Gerson Uliano, Joel Rodrigues Ferreira, Maciel Vaz Rodrigues, Fernando Reis e Alderi Souza de Matos. O sepultamento foi realizado no Cemitério do Parque Santo Antônio, em Jacareí. “Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus, e considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram” (Hb 13.7).
Depoimentos de parentes e amigos
Lael (filha mais velha)
Agradeço a Deus a bênção de ter tido pais comprometidos de verdade com o Senhor. Cresci em um lar saudável, equilibrado, cujo foco e propósito era amar a Deus e viver uma vida de santidade. Éramos nove filhos naturais e duas filhas adotivas. Sempre fizemos o culto doméstico, no qual todos oravam, cantavam e liam a Palavra. Cada um de nós tinha o hino favorito e cada um também tinha a oportunidade de falar versículos bíblicos na hora do culto. Os mais velhos ensinavam os mais novos. Nossa mãe foi uma excelente evangelista. Ela nos ensinava a Palavra e todos somos comprometidos com o Senhor. Nosso pai nos deixou um legado de fé, oração e conhecimento profundo da Palavra. Foi um lar seguro.
Lembro-me muito dos sermões do meu pai. Guardei na memória um deles – creio que eu tinha 14 ou 15 anos – “A pior espécie de loucura: o esquecimento”. Hoje, aos 68 anos, sou esquecida, mas me lembro daquela palavra de tantos anos atrás. Meus pais foram bênçãos para nós, e a família, já na quarta geração, desfrutou muito do amor, conselhos e sobretudo do exemplo de vida. Louvo a Deus pelos pais especiais que tivemos. Teria tanto ainda a dizer, escrever. Mas ficou a memória dos dois já bem idosos com suas cabeças parecendo algodão tão branquinho, ajoelhados todas as noites intercedendo por uma família grande (mencionavam o nome de todos). No final da vida longa, eram os nossos intercessores. Ficou essa lacuna – nossos intercessores foram recolhidos, mas agora estamos com essa bandeira e esse legado. Obrigado, meu Deus, pela vida preciosa dos meus pais.
Pergunta aos netos: O que os nossos avós representaram para nós e nos deixaram?
Ada Lea
Minha avó foi um exemplo de mulher dentro e fora de casa, com muita sabedoria para acolher todos da família, respeitando e valorizando suas individualidades, amando a todos sem demonstrar preferências. Era organizada em suas tarefas como dona de casa e muito amável com sua família espiritual. Uma mulher com muitas qualidades, principalmente muitas virtudes! Meu avô – responsável, sábio, amava a Deus sobre todas as coisas, me ensinou a agradecer a Deus até por uma xícara de café. Herdei dele o dom de ensinar, pois sou totalmente voltada para o magistério!
Eduardo
Meu avô – grande exemplo de homem de Deus, que nos ensinou como sermos imitadores de Jesus. Sou grato a Deus por ter um “vô” que só se preocupou em fazer a vontade de Deus e deixou essa herança para as suas gerações vindouras.
Fabinho
Meus avós representaram para mim a base de uma família cristã. Os exemplos são tantos!! O primordial foi a entrega total de suas vidas a Deus, vivendo sempre na dependência dele, e o detalhe é que sempre tiveram tudo do bom e do melhor. Realmente foi notável a presença de Deus em suas vidas. Eu os amei, a família os amou, e os amaremos sempre.
Milena
Desde que passei a pertencer à família, percebi o amor que os cercava. Então descobri a fonte de tanta união: Sr. Antônio e D. Léa. Um casal que construiu uma família edificada e fortalecida em Deus, que soube transmitir a todos o que sempre viveu, uma vida em plena comunhão com nosso Pai. Com certeza hoje estão desfrutando de todos os privilégios dos santos no céu e seus familiares têm a certeza de que os encontrarão um dia.
Mariana
Para mim, meus bisavós foram um exemplo de vida. Duas pessoas que viveram para Deus incondicionalmente. Fui muito abençoada por ser a bisneta mais velha e desfrutar da companhia deles por aproximadamente 21 anos. Agradeço a Deus pelo testemunho de vida e pelos muitos filhos espirituais que deixaram, pela minha família carnal que também é prova do amor divino para com a minha vida. A imagem que fica é do “amor”, da “fidelidade” e da “consagração” da vida de ambos. Tenho plena certeza de que hoje desfrutam da companhia de Jesus, lugar onde todos nós almejamos estar um dia.
Paulinho
Para mim o mais importante que os meus avós representaram e deixaram para mim pessoalmente foi o princípio básico de todo o nosso amor a Deus e ao próximo, pois, pelo pouco que convivi com eles sempre estiveram à disposição da igreja e dos irmãos. Acho que viveram a vida que Deus quis. Por isso tudo eu sempre vou amá-los. Saudades.
Luís
Meus avós foram um exemplo de seres humanos para toda a comunidade evangélica e na sua residência acolhiam a todos com muito carinho e simpatia. Mas o mais importante é que sempre conseguiram manter a família em união, a despeito de qualquer dificuldade e problema. Jamais vi meus avós reclamarem de qualquer coisa e para nós sempre serão pessoas inesquecíveis. Vamos nos lembrar sempre deles.
André Ribeiro
Bem, acho que não caberia nestas linhas o grande sentimento de agradecimento, amor e carinho que senti e sinto pelos avós tão queridos. Só o exemplo de vida que eles deixaram já fala por si próprio. Realmente foram pessoas que marcaram pelo carisma e amor, independente da raça, condição social e o mais importante, sem interesse. Resumindo, o amor e o caráter de Cristo. A saudade fica e a certeza que é ainda maior também fica, de que um dia nos veremos lá na Glória.
Rev. Dr. Alderi Souza de Matos
Antônio sentiu o chamado para o ministério quando tinha apenas cinco anos de idade. Foi recebido por profissão de fé na Igreja Metodista de Juiz de Fora (MG), no dia 4 de março de 1928, pelo Rev. José de Azevedo Guerra. Cursou o primário no Grupo Escolar de Mariano Procópio, na mesma cidade. A seguir, fez o curso de adaptação (5º ano primário) no Instituto Comercial Mineiro, de Machado Sobrinho. Passou então a estudar no Instituto Granbery de Juiz de Fora, conhecida instituição metodista, onde fez o curso ginasial até o 6º ano e o curso de bacharel em Ciências e Letras, formando-se em 1934. Em seguida, fez o curso teológico na Faculdade de Teologia do Granbery, bem como o curso de bacharel em Educação Religiosa, concluído em 1938.
Em 23 de janeiro de 1930, sendo pastor da paróquia central o futuro bispo César Dacorso Filho e superintendente distrital o Rev. Wesley M. Carr, o jovem Antônio havia sido aceito como aspirante ao ministério. Foi licenciado ou “provisionado” pelo Concílio Regional do Norte em 18 de agosto de 1933, aos 22 anos, enquanto dava prosseguimento aos estudos. Em 1934, foi designado pastor auxiliar da Paróquia de Juiz de Fora, sendo responsável pela igreja o Rev. Isaías Sucasas. Nos anos seguintes, foi nomeado pastor ajudante das Paróquias de Bicas (1935), Matias Barbosa (1936), bem como Guaraí, Rio Novo e Goianá (1937-1938), todas no Distrito de Juiz de Fora.
Em 1936, Antônio lecionou por algum tempo no Instituto Central do Povo, uma famosa instituição social metodista localizada na região portuária do Rio de Janeiro. No dia 7 de julho desse ano, o jovem licenciado casou-se com Léa Fernandes Corrêa e Silva, a quem havia conhecido em Bicas (MG). Léa nasceu em 26 de janeiro de 1918 em Porto Novo do Cunha (MG) e era filha de Benigno Corrêa e Silva e Maria da Glória Fernandes Corrêa. O casamento realizou-se na Igreja Metodista São João, no bairro da Saúde, Rio de Janeiro, e os recém-casados residiram por alguns meses na cidade de Caxias.
A ordenação de Antônio ao diaconato ocorreu no dia 29 de janeiro de 1939. Foi nomeado pastor da Igreja Metodista de Resplendor (MG), no Distrito de Vitória. Dois anos depois, em 3 de fevereiro de 1941, foi ordenado presbítero e nomeado pastor das Paróquias de Realengo, Bangu, Campo Grande e Inhoaíba, no Rio de Janeiro. Nos anos seguintes, pastoreou as Igrejas de Conselheiro Lafaiete e Ouro Preto, em Minas Gerais (1942-1943), bem como as Igrejas de Cachoeiro de Itapemirim e Castelo, no Espírito Santo (1944-1945).
No ano de 1946, o Rev. Antônio Souza Lima começou a trabalhar com os presbiterianos. Tornou-se professor no Colégio Evangélico de Alto Jequitibá, onde lecionou história da filosofia, português e história do Brasil no Curso Colegial. Também foi pastor auxiliar da igreja presbiteriana local, a maior do presbitério. Em 1947, pastoreou a Igreja de Alegre e foi diretor do jornal “A Sapucaia”, em Sapucaia (RJ).
Finalmente, no dia 8 de janeiro de 1948 foi arrolado como membro efetivo do Presbitério do Itapemirim, do Sínodo Minas-Espírito Santo, por carta de transferência da Igreja Metodista do Brasil. Na ocasião, foi eleito 1º secretário e designado pastor das Igrejas de Alegre e Vala do Souza (atual Jerônimo Monteiro). No início de 1950, foi eleito para a diretoria do Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas, um cargo que iria exercer por muitos anos. Em 1956, passou a integrar o novo Presbitério de Alegre, do qual foi o primeiro presidente. Nesse período também pastoreou as Igrejas de Guaçuí, Celina, Vinagre, Rive, Castelo, Muniz Freire, Piaçu, Itaici, Mimoso do Sul e Muqui, todas no Espírito Santo.
Em 16 de janeiro de 1960, o Rev. Souza Lima foi transferido para a Igreja Metodista Livre do Brasil. O Presbitério de Alegre fez a seguinte anotação em sua carteira de ministro: “Durante esses 14 anos entre nós, deu provas sobejas de vocação ministerial, constituindo-se como um paradigma de fé e de consagração para os seus colegas de ministério”. Em 1960-1961 foi pastor da Paróquia de Mirandópolis (Igreja Brasileira Central de São Paulo) e lecionou na Faculdade de Teologia da Igreja Metodista Livre. As disciplinas ministradas foram português, filosofia da educação, psicologia pastoral e história de Israel.
Em 12 de janeiro de 1962, foi reintegrado à Igreja Presbiteriana do Brasil, sendo arrolado pelo Presbitério Oeste Fluminense. De 1962 a 1967, foi pastor da 1ª Igreja Presbiteriana de Volta Redonda e da Igreja Presbiteriana de Piraí. Referindo-se ao período passado em Volta Redonda, D. Léa escreveu anos depois que foi uma época de “muita tribulação”. O Rev. Souza Lima voltou a fazer parte da diretoria e da assembléia do Seminário de Campinas e teve atuação destacada junto ao Sínodo Fluminense. Nessa época, colaborou na direção da Sociedade Auxiliadora de Valores Intelectuais (SAVI), em Jacareí (SP), depois denominada Sociedade Educacional Guaracy Silveira. Foi também auxiliar de direção das Faculdades Metropolitanas de São Paulo, bem como diretor educacional e professor do Colégio e Escola Normal Prof. Alfredo Filgueiras, em Nilópolis (RJ), onde lecionou filosofia da educação e português (1965-1969).
No dia 17 de fevereiro de 1968, ele foi arrolado pelo Presbitério de Nova Iguaçu e assumiu no mês seguinte o pastorado efetivo da Igreja Presbiteriana de Nilópolis, na qual exerceu o restante do seu abençoado ministério. Em 1978, tornou-se o primeiro presidente do Presbitério de Nilópolis e, em 1980, o primeiro presidente do Sínodo Oeste Fluminense. Após 47 anos de ministério, foi jubilado no dia 10 de fevereiro de 1981, em uma reunião ordinária da Comissão Executiva do Supremo Concílio realizada em Brasília. Poucas semanas antes, o Presbitério de Nilópolis havia feito a seguinte anotação em sua carteira ministerial: “O PNIL é grato a Deus pelo seu ministério tão ativo e tão frutífero, exercido desde 18/08/1933, primeiro na Igreja Metodista do Brasil e depois na IPB, onde, além de ser um eficiente pastor, exerceu todos os cargos da hierarquia da Igreja, exceto um”. Após a jubilação, recebeu o honroso título de Pastor Emérito da Igreja Presbiteriana de Nilópolis.
O Rev. Souza Lima ocupou diversos cargos na estrutura da Igreja Presbiteriana do Brasil. Além de ter sido membro da diretoria do Seminário de Campinas, presidiu os seguintes concílios: Presbitério de Itapemirim (1952-1954), Presbitério de Alegre (1956, 1958), Presbitério de Nova Iguaçu (1970, 1972-1974, 1976), Presbitério de Nilópolis (1978-1980), Sínodo Fluminense (1973, 1975) e Sínodo Oeste Fluminense (1980). Participou da Reunião Extraordinária do Supremo Concílio em comemoração ao 1° centenário da obra presbiteriana no Brasil, em 1959, no Rio de Janeiro. Compareceu como delegado a muitas outras reuniões do Supremo Concílio (Lavras, 1958; Fortaleza, 1966; Belo Horizonte, 1969; Garanhuns, 1970; Belo Horizonte, 1974; Recife, 1978). Também participou de muitas reuniões da Comissão Executiva do Supremo Concílio.
Fez parte das comissões organizadoras das Igrejas Presbiterianas de Rive (1957), Santa Izabel do Rio Preto, Piraí (1962) e Juscelino (1974), assim como do Sínodo Espírito Santo-Rio de Janeiro (1975). Foi presidente da Comissão Presbiteriana de Evangelização, de atuação nacional (1974-1978), e dirigiu a Associação Missionária Evangelística. Foi tutor eclesiástico de vários candidatos ao ministério, entre eles Murilo Crispim da Silva e Osni Ferreira. Além de pastor e professor, o Rev. Antônio Souza Lima foi apreciado orador e escritor. Escreveu uma série denominada “Estudos Populares”. Deixou vários opúsculos, tais como “A pessoa e a obra do Espírito Santo” (1975), “O incalculável valor do jejum” (1979) e também o livro Jesus Breve Virá – Urgência da Última Hora (1983). Entre as suas áreas de especial interesse estavam o evangelismo, a santificação e a escatologia.
O casal Souza Lima teve muitos filhos: Lael Souza Lima Vásquez (Bicas, 1937), James Corrêa Lima (Bicas, 1938), Dorcas Corrêa Lima (Conselheiro Lafaiete, 1942), Paulo Corrêa Lima (Castelo, 1944), Maria da Glória Souza Lima Nunes (Cachoeiro de Itapemirim, 1946), Isaías Corrêa Lima (Celina, 1948), Antônio Elias Corrêa Lima (Alegre, 1949) e Grace Corrêa Lima (Jerônimo Monteiro, 1956). A filha Leoni, nascida em 1939, faleceu no ano seguinte. Antônio Elias (Toninho) faleceu em 1969 e James em 1988. O casal também criou duas filhas adotivas: Lóide e Emília. Além dos seis filhos vivos, deixaram 18 netos e 13 bisnetos. Isaías seguiu as pegadas do pai e também é pastor.
Após a jubilação, o Rev. Souza Lima e D. Léa residiram por três anos em Jacareí e depois durante catorze anos novamente em Nilópolis (1985-1999), gozando do carinho da igreja. Em 1989, D. Léa calculou que desde o início do casamento haviam residido em 46 casas. Em 1992, aos 81 anos, ele esteve em Massachusetts, nos Estados Unidos, pregando em várias igrejas brasileiras. Em 1999 o casal transferiu residência para São José dos Campos, onde residem vários dos filhos. Passaram a contar com a carinhosa assistência pastoral do Rev. Paulo Gerson Uliano, da Igreja Presbiteriana do Jardim Augusta. D. Léa faleceu no dia 18 de março de 2004 e o Rev. Souza Lima passou a residir com a filha Dorcas.
Sua saúde foi declinando sensivelmente nos anos seguintes, vindo a falecer em 27 de setembro de 2005, apenas cinco dias após a chegada da filha caçula Grace, residente na Costa Rica. O culto de despedida realizou-se no dia seguinte na Igreja do Jardim Augusta, com a presença de mais de 20 pastores e muitos irmãos na fé, inclusive um grupo da Igreja Presbiteriana de Nilópolis. Dirigiu a liturgia o Rev. Carlos César Mendes Ribeiro, pastor da igreja. O Rev. Cláudio Aragão da Guia, da Igreja de Nilópolis, cantou um hino e falou sobre o ministério do obreiro falecido. O Rev. Isaías Corrêa Lima, filho do falecido, deu um comovente testemunho sobre a vida e o ministério do genitor. Entre os participantes do culto também estiveram os Revs. Paulo Gerson Uliano, Joel Rodrigues Ferreira, Maciel Vaz Rodrigues, Fernando Reis e Alderi Souza de Matos. O sepultamento foi realizado no Cemitério do Parque Santo Antônio, em Jacareí. “Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus, e considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram” (Hb 13.7).
Depoimentos de parentes e amigos
Lael (filha mais velha)
Agradeço a Deus a bênção de ter tido pais comprometidos de verdade com o Senhor. Cresci em um lar saudável, equilibrado, cujo foco e propósito era amar a Deus e viver uma vida de santidade. Éramos nove filhos naturais e duas filhas adotivas. Sempre fizemos o culto doméstico, no qual todos oravam, cantavam e liam a Palavra. Cada um de nós tinha o hino favorito e cada um também tinha a oportunidade de falar versículos bíblicos na hora do culto. Os mais velhos ensinavam os mais novos. Nossa mãe foi uma excelente evangelista. Ela nos ensinava a Palavra e todos somos comprometidos com o Senhor. Nosso pai nos deixou um legado de fé, oração e conhecimento profundo da Palavra. Foi um lar seguro.
Lembro-me muito dos sermões do meu pai. Guardei na memória um deles – creio que eu tinha 14 ou 15 anos – “A pior espécie de loucura: o esquecimento”. Hoje, aos 68 anos, sou esquecida, mas me lembro daquela palavra de tantos anos atrás. Meus pais foram bênçãos para nós, e a família, já na quarta geração, desfrutou muito do amor, conselhos e sobretudo do exemplo de vida. Louvo a Deus pelos pais especiais que tivemos. Teria tanto ainda a dizer, escrever. Mas ficou a memória dos dois já bem idosos com suas cabeças parecendo algodão tão branquinho, ajoelhados todas as noites intercedendo por uma família grande (mencionavam o nome de todos). No final da vida longa, eram os nossos intercessores. Ficou essa lacuna – nossos intercessores foram recolhidos, mas agora estamos com essa bandeira e esse legado. Obrigado, meu Deus, pela vida preciosa dos meus pais.
Pergunta aos netos: O que os nossos avós representaram para nós e nos deixaram?
Ada Lea
Minha avó foi um exemplo de mulher dentro e fora de casa, com muita sabedoria para acolher todos da família, respeitando e valorizando suas individualidades, amando a todos sem demonstrar preferências. Era organizada em suas tarefas como dona de casa e muito amável com sua família espiritual. Uma mulher com muitas qualidades, principalmente muitas virtudes! Meu avô – responsável, sábio, amava a Deus sobre todas as coisas, me ensinou a agradecer a Deus até por uma xícara de café. Herdei dele o dom de ensinar, pois sou totalmente voltada para o magistério!
Eduardo
Meu avô – grande exemplo de homem de Deus, que nos ensinou como sermos imitadores de Jesus. Sou grato a Deus por ter um “vô” que só se preocupou em fazer a vontade de Deus e deixou essa herança para as suas gerações vindouras.
Fabinho
Meus avós representaram para mim a base de uma família cristã. Os exemplos são tantos!! O primordial foi a entrega total de suas vidas a Deus, vivendo sempre na dependência dele, e o detalhe é que sempre tiveram tudo do bom e do melhor. Realmente foi notável a presença de Deus em suas vidas. Eu os amei, a família os amou, e os amaremos sempre.
Milena
Desde que passei a pertencer à família, percebi o amor que os cercava. Então descobri a fonte de tanta união: Sr. Antônio e D. Léa. Um casal que construiu uma família edificada e fortalecida em Deus, que soube transmitir a todos o que sempre viveu, uma vida em plena comunhão com nosso Pai. Com certeza hoje estão desfrutando de todos os privilégios dos santos no céu e seus familiares têm a certeza de que os encontrarão um dia.
Mariana
Para mim, meus bisavós foram um exemplo de vida. Duas pessoas que viveram para Deus incondicionalmente. Fui muito abençoada por ser a bisneta mais velha e desfrutar da companhia deles por aproximadamente 21 anos. Agradeço a Deus pelo testemunho de vida e pelos muitos filhos espirituais que deixaram, pela minha família carnal que também é prova do amor divino para com a minha vida. A imagem que fica é do “amor”, da “fidelidade” e da “consagração” da vida de ambos. Tenho plena certeza de que hoje desfrutam da companhia de Jesus, lugar onde todos nós almejamos estar um dia.
Paulinho
Para mim o mais importante que os meus avós representaram e deixaram para mim pessoalmente foi o princípio básico de todo o nosso amor a Deus e ao próximo, pois, pelo pouco que convivi com eles sempre estiveram à disposição da igreja e dos irmãos. Acho que viveram a vida que Deus quis. Por isso tudo eu sempre vou amá-los. Saudades.
Luís
Meus avós foram um exemplo de seres humanos para toda a comunidade evangélica e na sua residência acolhiam a todos com muito carinho e simpatia. Mas o mais importante é que sempre conseguiram manter a família em união, a despeito de qualquer dificuldade e problema. Jamais vi meus avós reclamarem de qualquer coisa e para nós sempre serão pessoas inesquecíveis. Vamos nos lembrar sempre deles.
André Ribeiro
Bem, acho que não caberia nestas linhas o grande sentimento de agradecimento, amor e carinho que senti e sinto pelos avós tão queridos. Só o exemplo de vida que eles deixaram já fala por si próprio. Realmente foram pessoas que marcaram pelo carisma e amor, independente da raça, condição social e o mais importante, sem interesse. Resumindo, o amor e o caráter de Cristo. A saudade fica e a certeza que é ainda maior também fica, de que um dia nos veremos lá na Glória.
Rev. Dr. Alderi Souza de Matos
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